sábado, 8 de maio de 2010

Educação do faz de contas

Segunda feira, 26 de abril de 2010, meu primeiro dia de estágio observatório em uma escola pública estadual. Cheguei à escola por volta das 07h30minhs da manhã e tive que aguardar o professor que chegou atrasado, então nos dirigimos para a sala, notei que enquanto caminhávamos o professor fazia algumas piadinhas com alguns alunos, que estavam no pátio mesmo em horário de aula, do tipo "nossa como você é feia" e "oi cara da fome", mas os alunos revidavam dizendo " professor seu viado". A princípio fiquei abismada com a forma com que o professor e os alunos se relacionavam, digo isto porque fui e sou aluna, e em toda minha vida nunca tive esse tipo de relação tão desrespeitosa com professor. Mas o espanto maior foi ao chegar á sala, os alunos estavam em plena algazarra e nem se intimidaram com a presença do professor, muito pelo contrário, o próprio professor entrou na brincadeira correndo atrás de uns e de outros, dando tapinha na cabeça de um, repetindo o seu bordão "o mulher feia" para outro. Com isso lá se foram pelo menos dez minutos de aula, detalhe, na segunda só haveria uma aula de história, então se formos parar para analisar, o professor chegou atrasado e ainda perdeu tempo com brincadeirinhas impróprias.


Após a algazarra o professor expôs uma atividade escrita em um cartaz, o qual é exibido em todas as turmas da sétima série da escola, evitando assim que o exercício seja copiado no quadro várias vezes. Pois o mesmo ainda afirmou que estava ficando velho e não burro, para ter quer copiar o exercício mais de uma vez.

As questões são formuladas pelo professor e corrigidas com base no livro didático, as perguntas são tão fáceis que os alunos encontram as respostas prontas no livro. É uma pena, porque analisei o livro didático e pude perceber que as questões são bastante interessantes, formuladas de forma com que os alunos debatam e discorram sobre o assunto.

E outro fator que me chamou muito a atenção foi a estrutura física da sala de aula, os alunos não possuem cadeiras e carteiras suficientes para a turma toda, alguns têm que escrever com o caderno em seu colo, por não possuir carteira. De dois ventiladores só funcionam um, que é motivo de disputa entre os alunos, pois a sala é abafada e provoca muito desconforto.

É um absurdo que a educação brasileira ainda esteja tão precária, questiona-se da falta de interesse dos alunos, da má qualificação dos professos, mas não há um espaço adequado para a realização de uma aula. Como o aluno pode desenvolver um maior interesse pela escola se ao chegar nela encontrará um lugar inóspito para assistir aula, como o professor pode se empenhar em buscar novas qualificações se ao chegar à sala ele encontrará o desinteresse e a desmotivação do aluno.

Tudo isso gera certo comodismo, o professor não se preocupa em fazer o aluno aprender e o aluno não se interessa em estudar, resultado é esse modelo educacional brasileiro do faz de contas.

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