sábado, 8 de maio de 2010

Será que a educação vale o nosso imposto?

No meu primeiro dia de estágio de observação cheguei na sala a ser observada com um olhar sério e uma postura  igual para que os alunos de 5ª série (6º ANO), não tomassem uma certa ousadia típica de crianças inquietas. Eu entrei neste ambiente na companhia da professora e do meu colega também estagiário. Nossa chegada provocou conversas paralelas entre aquelas crianças o que aumentou a inquietação deles. Podíamos ouvir baixas tonalidades de vozes, dizendo: "Quem são eles?", "Quem é aquele cara grande?" e "Será que irão substituir a professora?".
Eu e o colega estagiário sentamos no fundo da sala e deixamos a docente nos apresentar. Ela esperou aquele alvoroço acabar para que viesse a nos apresentar para a turma como estagiários de observação, tal algazarra durou 10 minutos de sua aula. Feita a apresentação, o colega e eu nos mantivemos na mesma posição de observadores, e algumas atitudes dos alunos que mais pareciam "marginais" me chamou a atenção. Podia ouvir troca de palavrões, até mesmo pequenas brigas (murros e tapas), com o deslocamento constante dos alunos pela sala. Mas o mais interessante é que a regente continuava ministrando a sua aula, que por sinal era uma revisão para a avaliação do dia seguinte, sem dar importância para aquela baderna, só raras vezes falando: "GENTE!"; como se esse vocativo fosse resolver alguma coisa.
Analisei no olhar da professora nesta situação, uma frustração, e ao mesmo tempo uma face pedindo mais ou menos: "TOCA LOGO SIRENE, PARA QUE EU LIBERE ESSES DEMÔNIOS". Seria equívoco meu não notar que ela veio com uma aula programada, mas o que adianta programar algo se não há a certeza de concretizar nem que seja 50% daquilo programado. Esta professora me mostrou que ela já está conformada com o desinteresse, e a irresponsabilidade de seus alunos.
Então eu me vejo nas seguintes questões: Será que eu estou empregando bem os meus impostos ao quitá-los todos os anos, quando o estado me cobra? Será que o interesse deve vir só da parte dos alunos? E o professor qual é o seu papel no ensino público? Unicamente de receptor do dinheiro do estado?
E minhas dúvidas são: Onde será que o meu país irá parar com essa falta de compromisso? Será que eu me tornarei um professor igual a essa professora?



Leiam outros assuntos e os meus ensaios em: www.vsos.blogspot.com

Um comentário:

Educação em foco disse...

Bem...a primeira coisa importante é não atribuirmos toda a responsabilidade por essa situação à professora. Certamente um conjunto de influências devem entrar nessa equação. Ela não assumiu esse comportamento do nada. Quais são as causas que levam ao desânimo docente? O que é possível fazer para solucionar impasses no cotidiano escolar e estimular a prática de ensino? O planejamento não é garantia de eficácio do ensino, no entanto não planejar pode levar ao caos. O improviso pode funcionar algumas vezes, mas não sempre! Todo porfessor ou professora tem que ter em mente no mínimo três coisa: o que ensinar? (que conteúdo será trabalhado?); para que ensinar? (os objetivos a atingir) e como ensinar? (os recursos metodológicos. Sem isso tudo se torna mais difícil. É interessante tentar compreender quais as causas do marasmo e da apatia da professora e dos alunos. Contudo, acho que os questionamentos são válidos Vinícius. Abraço, José Augusto.